O quadro “A Juíza e a sua história” da ANAMAGES de hoje destaca a trajetória de vida da Dra. Cynara Guerra que acaba de assumir o cargo de Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Natural de Mantena (MG), filha de um bancário e de uma professora, Dra. Cynara sempre considerou que o estudo seria o único caminho para alcançar uma vida melhor e lutou para conquistar o seu principal objetivo que foi a aprovação no concurso público da Magistratura.
Mesmo com o apoio financeiro dos pais durante o período da graduação em Direito, na cidade de Linhares (ES), Dra. Cynara sentiu que deveria contribuir com o pagamento da mensalidade da faculdade e estagiou em todo o tempo da graduação, o que a permitiu colaborar com a família.
Após a conclusão do curso de Direito, Dra. Cynara atuou por muitos anos como assessora de Juiz até a decisão de investir em estudos para concurso da Magistratura, dedicando-se integralmente a este sonho que tornou-se realidade no dia 9 de maio deste ano, data de sua posse no TJMG.
Atualmente designada para a Comarca de Mutum, a Magistrada tem muito ânimo e disposição para entregar o seu melhor no Judiciário mineiro. Confira a entrevista que ela concedeu à ANAMAGES.
ANAMAGES: Em que momento de sua vida a senhora percebeu a sua vocação para a carreira da Magistratura?
Dra. Cynara: Eu me identifiquei com a carreira desde a faculdade, mas foi com a assessoria em gabinete de Juiz de Direito que eu tive certeza da vocação.
ANAMAGES: Como foi a preparação para o concurso?
Dra. Cynara: Sou mãe de dois filhos e a preparação não foi fácil porque além dos estudos, eu tive que conciliar as tarefas de casa somados os cuidados com as crianças.
Eu comecei a estudar em meados de 2018. A dificuldade da preparação me trouxe a confirmação da vocação, pois motivos para desistir não faltaram, mas segui em frente porque sabia que não dava mais tempo para voltar. Eu tinha investido uma parte da minha vida na preparação e só tinha o caminho da frente para seguir.
Em razão da maternidade, eu conciliava o tempo de estudo no horário de escola das crianças e também de noite, depois que eles dormiam. Com o tempo, eu me acostumei a estudar até tarde e acordar cedo. Essa foi a minha rotina, repetidamente, dia após dia. Eu fiz uma planilha de estudo com as matérias, estudava lei seca, julgados e fazia exercícios.
ANAMAGES:A Dra. chegou a prestar outras provas?
Dra. Cynara: Eu só prestava concurso da Magistratura Estadual e percorri muitos Estados do Brasil. A primeira aprovação ocorreu no Estado do Maranhão e logo em seguida no Estado de Minas Gerais.
ANAMAGES: Qual a importância do apoio familiar durante esse período de estudo para concurso?
Dra. Cynara: O apoio familiar foi o que me trouxe até aqui. Sem ele eu não teria conseguido. Eu tive apoio incondicional dos meus pais, marido, tia, irmãs, cunhados e dos meus filhos, que mesmo tão pequenos souberam me apoiar e respeitar todo o processo de preparação.
A minha família sempre esteve ao meu lado, me ajudando de todas as formas para a realização desse sonho.
ANAMAGES: De que forma a senhora buscava minimizar a ansiedade diante especialmente da autocobrança?
Dra. Cynara: Logo no início da preparação, eu percebi que o trajeto seria longo, e por isso não poderia pesar ainda mais, porque senão eu não aguentaria o caminho. Por isso eu entendi que a cobrança era necessária para manter o foco, mas o descanso fazia parte da preparação. Desta forma, eu fazia o máximo para alcançar as metas diárias estabelecidas, mas sempre separava o sábado para ficar com a minha família.
No domingo, eu voltava a estudar mais para o fim do dia e quando eu aceitei esse modo de estudo e de descanso, tudo ficou mais tranquilo, porque a autocobrança diminuiu.
Outra coisa que eu fazia também era mentalizar a minha nova vida como juíza, na prática. De certa maneira isso me ajudou durante esse período de estudo.
ANAMAGES: Quais as suas expectativas para a carreira na Magistratura mineira?
Dra. Cynara: O Tribunal de Justiça de Minas Gerias representa um sonho na minha vida, pois eu sempre tive essa meta, esse objetivo de vida. Sou mineira e apesar de ter morado muitos anos fora de Minas Gerais, aqui sempre foi a minha referência enquanto pessoa, pelo sotaque e modo de ser do povo mineiro.
Após a posse e já no curso de formação inicial, eu tive a oportunidade de conhecer de perto a estrutura do Tribunal e os seus projetos para entrega de uma justiça humanizada, com atenção a todos os grupos sociais. A partir daí eu tive a certeza de que estava no lugar certo.
Quero entregar uma magistratura humanizada, acessível à população mineira, com a efetiva prestação jurisdicional. Esse é o meu objetivo enquanto Juíza de Direito.