A Juíza e a sua história – Dra. Paula Candeo – TJPR

Dra. Paula é daquelas profissionais que atuam com firmeza, sem perder a doçura e a empatia, sendo respeitada pelos seus pares e pelos jurisdicionados.
Por Danusa Andrade.
Publicado em 21/06/2024 às 15:09. Atualizado há 5 meses.

LogoA Juíza do TJPR, Dra. Paula Candeo

Com quase três décadas de dedicação à Magistratura, a Juíza Paula Candeo, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) é a convidada desta semana do quadro A Juíza e a sua História, criado pela ANAMAGES para lançar luz a trajetórias de sucesso, vocação e compromisso com a carreira da Magistratura.

Natural de Apucarana, no Paraná, Dra. Paula viveu desde a infância com a família em Curitiba até a sua aprovação no concurso da Magistratura do TJPR, em 1995, de forma que em 2024 a Magistrada celebra 29 anos de uma bem sucedida experiência na Magistratura paranaense.

Dra. Paula Candeo iniciou a carreira como Juíza Substituta na 23ª Seção Judiciária com sede em Campo Mourão, no Noroeste do Paraná, onde teve oportunidade de conviver com colegas mais experientes, fortalecendo a sua formação.

Depois foi titular em Capitão Leônidas Marques, Cuiúva, foi a primeira Juíza de Fazenda Rio Grande, e desde setembro de 2021 está em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba, onde atuou como Juíza de Vara Única e atualmente é Titular da Vara Criminal.

Dra. Paula é daquelas profissionais que atuam com firmeza, sem perder a doçura e a empatia, sendo respeitada pelos seus pares e pelos jurisdicionados, e que entrega o seu melhor todos os dias, em qualquer circunstância. Confira a entrevista que ela concedeu à ANAMAGES.

ANAMAGES - Em qual momento de sua vida a senhora identificou a sua inclinação para o Direito e especificamente para a Magistratura?

Dra. Paula Candeo – Já na faculdade de Direito, eu identifiquei a minha vocação para a Magistratura como a melhor oportunidade de poder contribuir com a melhoria da sociedade. A partir de então, eu passei a me dedicar aos estudos, mas como trabalhava, eu estudava nos finais de semana, nos intervalos de almoço e, até mesmo, de madrugada.

Quando me formei, em 1995, ingressei na Escola da Magistratura do Paraná, ali eu tive a certeza de que tinha acertado na minha escolha, sendo aprovada no mesmo ano.

ANAMAGES - Quais os maiores desafios encontrados nesse percurso?

Dra. Paula Candeo – Eu diria que uma das grandes dificuldades é conciliar família e carreira. Eu tenho dois filhos, hoje com 25 e 23 anos de idade, e em muitos momentos eu deixei de conviver com eles para poder atender casos urgentes, mas isso faz parte da carreira, e os meus filhos são fantásticos, pois compreenderam que o caminho que eu escolhi impunha esse sacrifício.

Mas o pior desafio, sem sombra de dúvida, são as metas que temos de cumprir, porque são muitos processos e não podemos deixar de lado as normas legais, o que nos obriga a trabalhar muito além do ideal.

Hoje eu trabalho em torno de 10 a 11 horas por dia, finais de semana e feriados, ininterruptamente, e não é incomum tirar férias para colocar o serviço em dia.

ANAMAGES - Como a senhora conseguiu solucioná-los?

Dra. Paula Candeo – Eu conto com uma equipe de trabalho espetacular, que me ajuda muito. Contudo, para manter os processos em dia, é preciso trabalhar nas horas de folga. Além disso, adotamos métodos de organização dos processos por categoria, priorizando os mais urgentes.

ANAMAGES - Comente sobre essa metodologia de trabalho empregada em seu gabinete, que proporciona tramitação célere.

Dra. Paula Candeo – Eu tenho três assessoras. Cada uma delas se especializou em um tipo de atividade: decisões, sentenças por natureza e espécie de crime, e assim conseguimos maior qualidade e celeridade. Nem sempre é possível separar os processos por categoria, porque na Vara Criminal tudo é urgente.

ANAMAGES - Existe uma área de atuação preferida?

Dra. Paula Candeo – Hoje sou titular da Vara Criminal e como o número de casos de violência de gênero é muito grande, tenho dado prioridade a essa área de atuação, desenvolvendo em conjunto com a rede de proteção e a valiosa colaboração do Conselho da Comunidade um trabalho de educação e prevenção que tem trazido resultados satisfatórios.

ANAMAGES - O que mais a encanta na carreira?

Dra. Paula Candeo – É sentir que estou fazendo a diferença quando eu dedico a minha atividade à prevenção dos crimes de violência doméstica, exploração sexual de crianças e adolescentes e outros crimes violentos.

Não apenas nas demandas educativas, mas também no desenvolvimento de iniciativas de proteção nas ações penais em andamento, dedicando um olhar mais atencioso à vítima e não apenas ao réu, pois a vítima também merece ser tratada com dignidade.

No Brasil, criou-se uma cultura de que a prisão é um lugar ruim, insalubre, e por isso, o réu precisa de toda a proteção da lei, esquecendo-se de que o crime é uma opção. Eu não estou afirmando que o Juiz tem que demonizar o réu, ao contrário, deve apenas elevar a vítima ao mesmo patamar de cuidado e atenção.

Quando eu encontro uma vítima ou um parente no corredor que me agradece porque foram ouvidos com carinho, atenção, receberam os cuidados necessários para minimizar o seu sofrimento, isso me faz acreditar que eu estou no caminho certo. Nessa jornada, eu conto com o apoio da rede de proteção às vítimas, que disponibiliza assistência social, jurídica e psicológica, de modo que nenhuma vítima é esquecida pelo Estado.

Eu sou uma verdadeira apaixonada por essa atividade, tanto que já motivei algumas pessoas que pensam assim como eu e entregam tudo de si a esses cuidados.